O Governo de São Paulo confirmou, nesta quarta-feira (27), mais um caso oficialmente notificado de animal silvestre vítima de incêndios florestais, elevando para quatro o total registrado em 2025 pela rede de centros credenciados (CETRAS e CRAS). Trata-se de um filhote macho de gato-do-mato (Leopardus tigrinus), resgatado no município de São Roque, região de Sorocaba.
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O animal foi encontrado debilitado por um caseiro que retirava troncos em um sítio atingido pelo fogo próximo à Rodovia Raposo Tavares. O incêndio havia ocorrido no último sábado (23). O felino foi encaminhado ao CRAS Núcleo da Floresta, em São Roque, onde recebeu os primeiros cuidados veterinários. Segundo o biólogo Rafael Mana, diretor da entidade, o animal teve a cauda queimada e está com o corpo todo chamuscado. “Ele chegou ferido e desidratado, mas conseguimos salvá-lo”, disse.
Além da anta resgatada em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, na semana passada, a Associação Mata Ciliar, em Jundiaí, notificou o atendimento de um ouriço-cacheiro e de um teiú, sendo que este último não resistiu às lesões.
Primeiro resgate do ano
O primeiro caso foi registrado no último dia 22: uma anta (Tapirus terrestris), fêmea adulta, resgatada no município de Teodoro Sampaio e que segue sob tratamento intensivo na Apass (Associação Protetora de Animais Silvestres), em Assis. O animal sofreu queimaduras graves em cerca de 70% do corpo, perdeu totalmente a visão e teve parte da orelha comprometida. Apesar da gravidade, permanece alimentando-se e ingerindo água voluntariamente.
O resgate contou com atuação conjunta dos brigadistas do Parque Estadual Morro do Diabo, administrado pela Fundação Florestal (vinculada à Semil), e da Polícia Militar Ambiental, com apoio do DER para transporte seguro. “Estamos trabalhando intensamente para garantir conforto e qualidade de vida para esse animal, mesmo sabendo que não será possível devolvê-lo à natureza”, afirma Natália Tomaz Inácio de Godoy, diretora executiva da Apass.
Integração
“Essas ocorrências evidenciam a importância da atuação coordenada entre brigadistas da Fundação Florestal, Polícia Ambiental e instituições credenciadas, como APASS, Mata Ciliar e Núcleo da Floresta, no resgate e tratamento de animais vítimas do fogo. Também reforçam a necessidade de que todos os centros mantenham notificações atualizadas na plataforma do Governo do Estado, garantindo respostas rápidas e eficazes em situações críticas que ameaçam a biodiversidade”, destaca Liliane Milanelo, coordenadora de Gestão dos CETRAS da Semil.
Atualmente, a rede estadual conta com 30 empreendimentos credenciados: quatro especializados em fauna marinha e 26 aptos a receber animais vítimas de incêndios florestais. Em 2024, foram registrados 94 resgates decorrentes de queimadas, dos quais 53 não resistiram, dois foram reabilitados e devolvidos à natureza e os demais seguem em tratamento.
Capacitação e prevenção
Para reduzir os impactos dos incêndios sobre a fauna, a Semil promove um pacote de vídeo-aulas gratuitas, voltadas à prevenção, preparação e resposta a emergências, com ênfase no resgate e manejo de animais silvestres e domésticos vitimados pelo fogo. As aulas fazem parte da Operação São Paulo Sem Fogo e ficam disponíveis até 17 de setembro no portal de Educação Ambiental da Semil: https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/2025/08/prevencao-e-combate-a-incendios-florestais/
SP Sem Fogo
A Operação SP Sem Fogo é uma parceria entre as Secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Segurança Pública e Defesa Civil do Estado. Além disso, conta com iniciativas e investimentos do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar Ambiental, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), além da própria Semil e de suas vinculadas: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Fundação Florestal (FF).
Para cumprir seus objetivos, a Operação São Paulo Sem Fogo desenvolve uma série de atividades de forma permanente ao longo do ano, divididas em fases (verde, amarela e vermelha), conforme as necessidades e priorizações de cada período.