O primeiro grande projeto para despoluição dos rios Tietê e Pinheiros por meio do saneamento básico começou em 1992, após campanha da SOS Mata Atlântica e de uma rádio da Capital. A mobilização recolheu assinaturas de 1,2 milhão de paulistanos e paulistanas, que pediam a recuperação de seus rios.
Fleury
O governador da época, Luiz Antônio Fleury Filho (1949/2022), chegou a dizer que “beberia água do rio” ao fim do programa de despoluição. A meta era o ano de 2005. O Projeto Tietê está em sua quarta etapa, e, nos últimos 30 anos, recebeu novas roupagens em variadas campanhas de marketing, especialmente nos governos tucanos.
A despoluição esteve associada a diversas iniciativas, algumas já abandonadas, como a proposta de flotação do ex-governador Geraldo Alckmin, entre 2001 e 2011, e outras relativamente bem-sucedidas, como o Programa Córrego Limpo.
Dória
Dividido em 14 lotes, o Programa Novo Pinheiros, do ex-governador João Doria (2019/2022), prometia beneficiar cerca de 3,3 milhões de pessoas que moram no entorno do rio, uma área de 271 quilômetros quadrados. Ousado, o projeto prometia sanear bairros de São Paulo, Embu das Artes e Taboão da Serra, todos na bacia hidrográfica do Pinheiros.
Os contratos de financiamento firmados entre o Estado e os bancos internacionais também previam a execução de 152 mil ligações de água e a troca de 850 km de rede de água, para a redução de perdas na Grande São Paulo.
Seriam investidos ainda recursos na coleta e tratamento de esgoto no entorno da represa do Guarapiranga, para a despoluição do reservatório. Só na Guarapiranga, que fica próxima à área mais poluída do Pinheiros, a contrapartida prometida pela Sabesp era de US$ 100 milhões, algo em torno de R$ 500 milhões em valores atuais.
Projeto premiado
Apesar dos altos investimentos e dos resultados questionáveis, a Sabesp foi reconhecida no 7º Prêmio Casos de Sucesso & ESG do Instituto Trata Brasil. O concurso é organizado em parceria com o Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais da Fundação Getúlio Vargas (CEISA-FGV).
O prêmio foi concedido à estatal por seu trabalho de redução de perdas de água e ações para despoluir o Rio Pinheiros. Pela primeira vez, o Instituto Trata Brasil reconheceu publicamente os “Melhores Casos ESG”.
O prêmio foi entregue pela FGV em agosto de 2023, portanto, dois meses antes do relatório obtido pelo TCE que aponta ‘água’ com “péssima” qualidade no trecho do rio próximo ao Palácio dos Bandeirantes e à Ponte João Dias.