Nesta terça-feira (24), quando é comemorado o Dia Internacional do Leite, as Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) Dr.Luiz César Couto, de Quatá; Profª Helcy Moreira Martins Aguiar, de Cafelândia; e Orlando Quagliato, de Santa Cruz do Rio Pardo; mostram como o trabalho com a produção leiteira vai além da sala de aula e impacta diretamente a formação dos alunos e a vida no campo. Por meio de projetos com foco na prática, no cooperativismo e na inovação, os jovens aprendem todas as etapas da cadeia produtiva, do manejo dos animais à produção e comercialização de derivados.
Na Etec de Quatá, oprojeto Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) utiliza protocolos hormonais para promover maior controle sobre a ovulação, permitindo a inseminação de um grande número de fêmeas em um curto intervalo de tempo. Com aplicação técnica precisa e acompanhamento profissional, a iniciativa tem gerado resultados no melhoramento genético do rebanho da escola. “O projeto representa um marco no avanço da bovinocultura leiteira em ambiente educacional, promovendo o aprimoramento genético e o desenvolvimento dos alunos, fortalecendo a agricultura familiar”, destaca o diretor Ronaldo Garcia.
Com a participação de estudantes dos cursos técnicos em Agropecuária e em Meio Ambiente, a ação contribui para o aumento da produtividade e rentabilidade do rebanho leiteiro, além de servir como difusor de tecnologia para pequenas propriedades. “É uma ação que une ensino de qualidade, prática profissional e responsabilidade social”, completa Ronaldo.
A unidade já colhe os frutos da iniciativa com o nascimento de bezerros geneticamente superiores, com características morfológicas aprimoradas para a produção leiteira. “O projeto permite padronização, eficiência na reprodução e capacitação dos estudantes, com impacto direto na sustentabilidade da atividade leiteira”, conta o professor Wagner dos Reis, responsável técnico.
Processamento de derivados
Na Etec de Cafelândia, alunos do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Agropecuária participam do projeto Processamento de Derivados do Leite, onde todo o processo, da criação dos animais até a venda dos produtos, é feito pelos próprios estudantes dentro da cooperativa escola.
Com orientação da professora Fabiana Conceição Gonçalves, os jovens desenvolvem receitas de doces de leite, testam novos sabores e aprendem sobre boas práticas de produção, sanidade animal, design de produtos e atendimento ao público. “Os alunos cuidam dos animais, fazem pesquisas, criam receitas e participam da venda na nossa lojinha da cooperativa. É um processo que ensina técnica, mas também gestão, criatividade e contato com o público”, explica.
Manejo, genética e infraestrutura
Também por meio da cooperativa escola, a Etec Orlando Quagliato, de Santa Cruz do Rio Pardo, reúne professores e estudantes do Ensino Médio integrado ao Técnico em Agropecuária em um trabalho com o apoio da cadeia produtiva do ramo. “Além de fornecer recursos para a escola, o setor de produção de leite exerce um papel essencial na formação dos alunos, permitindo que os jovens se envolvam em todas as etapas práticas da atividade”, afirma o professor Edson Suzuki.
Por meio de investimentos contínuos em manejo, genética e infraestrutura, o setor de produção leiteira da unidade passou por uma transformação ao longo dos anos. A modernização incluiu a substituição de coberturas por inseminação artificial com sêmen importado, a introdução de vacas das raças holandesa, girolando e jersey, a implantação de sistema de ordenha mecânica e, mais recentemente, a adoção da ordenha em circuito fechado.
Além disso, pastagens foram reformadas, piquetes adubados e silagem produzida para garantir alimentação de qualidade ao rebanho. Como resultado do processo de tecnificação e aprimoramento genético, em 2024, a Etec alcançou a produção diária de 650 litros de leite, com 32 vacas em lactação, tornando o setor responsável por 48% do faturamento da cooperativa escola.
A experiência será apresentada nesta terça-feira (24) durante o evento Qualymilky – Do Pasto ao Queijo, promovido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em celebração ao Dia Internacional do Leite. O encontro será realizado das 8 horas às 18h30, na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) de Pindamonhangaba. A proposta é valorizar a sustentabilidade e aproximar o setor produtivo das instituições de ensino e pesquisa.
Para Adriana Nunes, coordenadora de projetos agropecuários do Centro Paula Souza (CPS), a participação das Etecs em eventos como o Qualymilky reforça o papel estratégico da formação técnica na transformação do setor. “Preparamos profissionais aptos a atuar em diversas fases da cadeia produtiva, como reprodução assistida, manejo de animais e pastagens, e produção de derivados do leite”, ressalta. “Eventos como esse são fundamentais para aproximar ensino, pesquisa, extensão rural e produção, promovendo a troca de experiências e o avanço da qualidade do agro em nosso Estado”, salienta.