Rodovias implantadas antes da exigência de licenciamento ambiental e que operavam há décadas sem regularização formal começaram a ser licenciadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Em menos de dois anos, já foram emitidas licenças para 6.430 quilômetros de vias sob concessão estadual, o que corresponde a 60% da malha concedida em São Paulo, estimada em 11 mil quilômetros.
Além de garantir segurança jurídica e previsibilidade aos investimentos, o novo modelo de licenciamento incorporou exigências robustas de proteção ambiental. As licenças preveem medidas como implantação de passagens de fauna, programas de monitoramento da biodiversidade, compensações ambientais, recuperação de áreas degradadas e ações voltadas à segurança viária e proteção de recursos hídricos. Tudo isso conforme diretrizes técnicas definidas pela Cetesb, como o Programa de Mitigação de Atropelamento de Fauna.
As mais recentes licenças foram liberadas em julho para cinco concessionárias: Ecopistas, Autoban, Rota Sorocabana, Via-Paulista e Rota das Bandeiras, abrangendo 1.930 quilômetros. O avanço integra uma diretriz inédita lançada pela Cetesb em 2024, que estabelece critérios técnicos específicos para o licenciamento ambiental da infraestrutura viária concedida já existente.
“Estamos regularizando um passivo ambiental histórico”, afirma Thomaz Toledo, diretor-presidente da Cetesb. “Essas rodovias foram implantadas antes da legislação ambiental em vigor e, até então, operavam sem licenças formais. Agora passam a contar com regras técnicas claras, exigências ambientais modernas e segurança jurídica para novas intervenções.”
Com o novo modelo, as concessionárias passam a operar sob uma licença de operação unificada, válida para toda a malha sob sua gestão e com parâmetros previamente definidos para futuras intervenções. Isso permite que obras como faixas adicionais, alças de acesso e dispositivos de segurança possam ser executadas dentro da faixa de domínio, desde que respeitadas as condicionantes ambientais estabelecidas.
As concessionárias contempladas nesta etapa operam trechos expressivos da malha rodoviária paulista, conforme dados da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). A Ecopistas é responsável por 144 km, incluindo os corredores Ayrton Senna e Carvalho Pinto; a Autoban administra 319 km do Sistema Anhanguera-Bandeirantes; a Via-Paulista opera 720 km da chamada Rodovia dos Calçados; a Rota das Bandeiras cuida de 297 km no corredor Dom Pedro; e a Rota Sorocabana responde por 468 km no interior do estado.