Com uma trajetória marcada por conquistas inéditas e um papel cada vez mais relevante na preservação da fauna silvestre brasileira, o Centro de Conservação da Fauna Silvestre (Cecfau) da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) — que completa 10 anos no próximo dia 19 de junho — se firmou como referência nacional na reprodução de espécies ameaçadas e na produção de conhecimento técnico-científico voltado à conservação, com ênfase em três espécies: a arara-azul-de-lear, o mico-leão-preto e a perereca-pintada-do-rio-pomba.
Para a secretária da Semil, Natália Resende, os resultados do Cecfau ao longo desta década reforçam o compromisso do Governo de São Paulo com a agenda ambiental. “O trabalho realizado no Cecfau é motivo de orgulho para o nosso Estado. Ele traduz em ações concretas o nosso empenho em proteger a biodiversidade brasileira com base na ciência, na inovação e em parcerias qualificadas”, afirmou.
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O Cecfau é, atualmente, a única instituição do Brasil a manter dois casais reprodutivos da arara-azul-de-lear — espécie que já foi considerada uma das mais raras do mundo, endêmica do sertão da Bahia. Desde 2019, o centro já registrou 26 nascimentos da espécie, com sete indivíduos destinados à soltura na Caatinga baiana. Em janeiro de 2024, foi responsável por mais um marco: o nascimento do primeiro filhote de um casal geneticamente importante, em razão de sua origem selvagem, reforçando a contribuição da instituição ao Programa de Cativeiro da Arara-Azul-de-Lear, coordenado pelo ICMBio.
Esse feito coloca o Cecfau entre as poucas instituições do mundo com sucesso na reprodução da espécie. A primeira reprodução ocorreu em 1984, no Bush Gardens, nos Estados Unidos, com dois filhotes — mas por mais de duas décadas não houve novos registros. Em 2006, o Al Wabra Wildlife Preservation, no Catar, obteve uma nova reprodução: três ovos, sendo um fértil, incubado artificialmente. Em 2007, foi a vez da Loro Parque Fundación, na Espanha, obter sucesso e, desde então, a fundação se consolidou como a principal referência internacional, com 45 filhotes nascidos de cinco casais reprodutivos ao longo dos anos. Dez desses animais já foram destinados à área de soltura do Programa de Revigoramento Populacional da espécie no Boqueirão da Onça. Atualmente, a fundação espanhola mantém apenas um casal ativo e outros dez em processo de aproximação.
“O Cecfau mostra o protagonismo do Estado de São Paulo na conservação da fauna brasileira. São avanços que vão além da reprodução: estamos formando uma base sólida de conhecimento, com impacto direto sobre políticas públicas e estratégias de proteção das espécies”, afirma o subsecretário de Meio Ambiente da Semil, Jônatas Trindade.
No Brasil, o primeiro nascimento em cativeiro ocorreu em 2015, na antiga Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), sendo também o primeiro registro da América Latina. Desde então, esse casal já produziu 17 filhotes, dos quais seis foram encaminhados para soltura.
Em 2019, o Cecfau passou a integrar esse seleto grupo internacional ao registrar o nascimento de seu primeiro filhote. Desde então, 26 araras-azuis-de-lear já nasceram no centro paulista, com sete indivíduos enviados para soltura na natureza. Em janeiro deste ano, um novo casal também se tornou reprodutivo, com o nascimento de seu primeiro filhote em 2025.
“A arara-azul-de-lear simboliza a importância dos esforços coordenados para salvar espécies ameaçadas de extinção. O trabalho do Cecfau mostra como a atuação técnica e o investimento em pesquisa podem gerar resultados concretos para a biodiversidade brasileira”, destaca Patrícia Locosque, diretora de Biodiversidade e Biotecnologia da Semil.
Além da reprodução, o Cecfau desenvolve pesquisas sobre comportamento, manejo e biologia reprodutiva da arara-azul-de-lear, em parceria com universidades como a UFSCar, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Conservação da Fauna (PPGCFAu). O conhecimento gerado contribui diretamente para a melhoria dos programas integrados e da gestão dos plantéis sob cuidados humanos.
Outras espécies
Outro destaque do Cecfau é a conservação do mico-leão-preto, primata endêmico da Mata Atlântica paulista. O centro abriga hoje uma das maiores populações sob cuidados humanos da espécie, com 24 animais no plantel e 33 nascimentos registrados desde 2015. A estrutura e os protocolos aplicados na unidade servem de referência para ações em outras instituições e reforçam o papel de São Paulo na proteção desse patrimônio natural.