A Biblioteca da Faculdade de Direito da USP, a primeira pública da capital paulista, completou 200 anos em abril de 2025. Fundada em 1825, dois anos antes da criação da própria faculdade, o espaço foi concebido para preparar a então província de São Paulo para sediar um curso de Direito.
Instalada no Largo de São Francisco, a biblioteca foi um dos argumentos usados por congressistas paulistas na Assembleia Geral do Império para justificar a instalação da Faculdade de Direito na província. A cidade de São Paulo, à época com poucos edifícios capazes de abrigar instituições de ensino superior, encontrou ali uma base para o desenvolvimento educacional e jurídico local.
Atualmente, o acervo conta com mais de 500 mil volumes. Há livros das mais diversas áreas do conhecimento, incluindo obras raras do século 19, edições originais de autores como Machado de Assis e um expressivo número de obras religiosas herdadas do acervo do convento franciscano, que começou com cerca de 5 mil volumes oriundos das bibliotecas dos bispos Dom Matheus de Abreu Pereira e Dom Manuel da Ressurreição.
O diretor da unidade, Celso Fernandes Campilongo, comenta que “muito da cultura jurídica, política e literária brasileira foi forjada na biblioteca da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco”. Frequentada ao longo dos anos por nomes importantes da história brasileira como Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Luiz Gama e 13 ex-presidentes da República, é considerada um centro de formação cultural e intelectual.
O espaço é aberto ao público e atende não apenas seus alunos, mas também estudantes de outras instituições, pesquisadores e a população em geral. “Estamos no centro de São Paulo. Muitas vezes atendemos moradores de rua que usam a biblioteca para acessar a internet, descansar ou ler livros”, afirma Maria Lucia Beffa, bibliotecária da faculdade há 35 anos, durante entrevista ao programa Cultura na USP, da Rádio USP.
Entre os próximos passos, está a inauguração de um novo prédio. O projeto foi iniciado durante a gestão do ex-diretor Floriano de Azevedo Marques Neto, que ouviu da bibliotecária como seria a “biblioteca dos sonhos” para nortear o planejamento. “Construir esse sonho com o professor foi maravilhoso, quando ele falou que estava pensando no prédio era um grande e difícil investimento, mas o Floriano não teve medo, mesmo na pandemia”, lembra Maria Lucia.
A nova estrutura visa abrigar os volumes circulantes, que poderão ser consultados livremente pelo público, além de contar com uma sala de teatro e cafeteria. É prevista também reforma no atual prédio da biblioteca – que continuará abrigando os volumes raros -, com a modernização da sala de consulta para novas instalações elétricas, ampliação dos espaços de estudo e um projeto de digitalização do acervo.