O Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo localizou, nos últimos seis anos, 66% dos familiares de pessoas que morreram sem identidade ou que não foram reclamadas pelos parentes. O trabalho de busca ativa é realizado pela Equipe de Assistência Familiar (EAF), que tenta localizar os responsáveis com base nas informações coletadas pelos profissionais.
Pioneiro no Brasil, o serviço surgiu em 2019 diante da necessidade de centralizar a busca por familiares de sepultados identificados pela equipe do IML. Além disso, o EAF atua como elo entre os familiares que procuram por pessoas desaparecidas e os núcleos do instituto em todo o estado.
“Eles coletam todas as informações sobre a pessoa que deu entrada no IML, analisam os dados disponíveis e, então, iniciam a busca pelos familiares”, explicou o diretor do IML, Vladimir Alves dos Reis.
Desde a criação do serviço, foram quase 6,1 mil corpos identificados encaminhados para sepultamento obedecendo os critérios legais e dentro do prazo estabelecido. Do total, pouco mais de 4 mil tiveram o familiar localizado pela Equipe de Assistência Familiar do IML. “Informar os familiares e garantir que tenham conhecimento da morte é um ato que, além de humano, pode contribuir com investigações policiais”, disse o diretor. Alguns familiares foram encontrados mesmo antes do sepultamento, o que evidencia a agilidade do serviço.
Ainda segundo a EAF, a maioria perdeu o contato com a família com o passar do tempo e outros cortaram relações pelos mais diversos motivos: desinteresse, vontade de permanecer na invisibilidade, interesse pessoal de não serem localizados, entre outros.
Apesar disso, após dar entrada no IML cada pessoa falecida e não identificada passa por exames, tanto para diagnosticar a causa da morte, quanto para tentar, por critérios científicos, a identidade. As informações são agrupadas em um banco de dados, acessado pela equipe do EAF.
“O IML é geralmente visto apenas como um órgão voltado à ciência forense, mas há também o compromisso com a dignidade no fim da vida, resgatando a dignidade familiar e proporcionando conforto aos familiares angustiados”, lembrou Vladimir Alves dos Reis.
Parceria entre as forças de segurança
Nos últimos anos, o serviço do EAF foi aprimorado com o acesso rápido e facilitado ao banco de dados da Polícia Civil, além do apoio das instituições dos demais estados e da Polícia Federal.
Com essa parceria, a equipe consegue localizar parentes que muitas vezes sequer sabiam da morte do ente querido.
Nos últimos seis anos, a equipe do IML tem se dedicado a encontrar os familiares antes mesmo do encaminhamento para sepultamento. Com base nas informações, os profissionais realizam uma busca ativa pelos bancos de dados em todo o país para localizar os parentes do falecido.
Além de demandar tempo, atenção e cuidado, o serviço prestado pelo IML requer uma abordagem sensível no momento da comunicação com os familiares. “A utilização do tato e da empatia é imprescindível para que esse serviço seja conduzido com o respeito e a dignidade que a situação exige”, destacou o diretor do IML.
Para as famílias que desejam buscar seus entes nos núcleos dos IMLs de São Paulo, bastam acessar o site.
No portal, há a opção de consulta ou cadastro de desaparecidos. O contato também pode ser feito pelo e-mail [email protected] com nome, telefone de contato e dados do desaparecido.